Sete erros
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- Calcular freteNa arte dos bordados avalia-se o ponto pelo avesso do pano, quanto mais habilidosas as mãos que bordam, mais imperceptível o caminho das linhas. Os arremates se diluem na composição do desenho, invisíveis na frente e no verso. Pode-se dizer o mesmo das tramas de uma história: quanto menos sentimos o trabalho de quem a compôs, mais ela nos envolve e passamos a acreditar que tudo aquilo poderia ter acontecido conosco. O que teríamos feito no lugar de Maria Antônia, que tem a vida dilacerada por uma gravidez que nunca quis? Ou se, ao querer tanto gerar uma filha, jamais tivéssemos conseguido essa realização, como aconteceu com a Bisa Clara? O que faríamos com o fruto de uma violência? De Maria Antônia só sabemos através da voz de Nina, sua prima e cúmplice num segredo fadado ao fracasso. Aliás, são muitos os segredos desfeitos nas tramas de Sete Erros. Ana Luiza Rizzo constrói sua narrativa como quem nos mostra as costas de um bordado que não se pretende impecável. A autora, pelo contrário, foca os fios emaranhados que compõem a vida e os silêncios de quatro gerações de mulheres e, com isso, toca em feridas que, de uma maneira ou de outra, pertencem a todas nós, mulheres. Pois ainda não há mulher que não saiba o que significa o peso daquilo que se cala.
Ana Luiza Rizzo é mestre em Escrita Criativa pela PUCRS, escreve mensalmente para a Revista Ventanas e tem crônicas em várias antologias. Sete erros é seu primeiro romance. Mora em Porto Alegre.