Por trás das Cortinas
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- Calcular frete"Estudar Políticas Culturais (PCs) no Brasil, com enfoque no desenvolvimento territorial, não é uma tarefa fácil. Isto porque a diversidade e riqueza cultural do país vêm associadas as desigualdades sociais nos territórios. A consciência dessas desigualdades sociais é de fundamental importância para as PCs, para que os projetos e ações sejam transformados em contribuição para o viver bem das pessoas nos territórios e não somente para o sobreviver. Mais que tudo, que sejam ações que disseminem a formação e a participação cidadã. Neste sentido, os espaços públicos das cidades se vinculam ao ideal de democratização da cultura, como geradores de identidades e melhoria das condições de vida das pessoas no território. O entendimento da cultura como melhoria das condições de vida das pessoas já é uma realidade. Contudo, apesar deste entendimento, o setor da cultura ainda carece de democratização, institucionalização, profissionalização e a credibilidade de que é um setor econômico que gera recursos, como qualquer outra atividade econômica do território. E o mais importante: a cultura é fonte geradora de identidade, é criadora de sentido, é forma de resistência e de valorização do lugar. Daí a importância dada a institucionalização das Políticas Culturais, dentro da complexa relação entre os interesses políticos, econômicos e culturais do território. Embora estes diferentes âmbitos as vezes não dialoguem, urge uma demanda de esforços intersetoriais para uma maior interlocução entre estes setores, sobretudo com o político. Isto porque as questões referentes as Políticas Culturais necessitam que sejam discutidas, elaboradas e implementadas nos territórios. E o setor político é um dos pilares de aglutinação e mediação para as ações territoriais. Atenta a esta realidade, é que Francinilda Rufino de Souza se debruça para compreender as dinâmicas territoriais existentes na cultura do artesanato de Campina Grande/PB, a partir de um olhar direcionado às Políticas Culturais e sua relação com o desenvolvimento territorial. Partindo de uma desconstrução das fronteiras entre desenvolvimento e cultura, passando pelas Políticas Culturais e o artesanato, Francinilda penetra seu olhar para o artesanato da cidade de Campina Grande/PB. Ela busca compreender as narrativas presentes nos discursos do setor público, do setor empresarial e dos próprios artesãos. Mas seu olhar não se detém somente nas narrativas destes agentes sociais; ele vai também em busca de como estas narrativas se concretizam nas leis, nos planos e estatutos da cidade de Campina Grande/PB para o artesanato; nos desdobramentos de formulação, implementação e avaliação destas políticas; bem como estas ações são vivenciadas no cotidiano dos empresários e artesãos locais. A trama entre economia e cultura é neste livro analisada, demonstrando a complexidade entre o desenvolvimento territorial, o desenvolvimento do artesanato e a produção de espaços que geram identidades e realidades culturais em Campina Grande/PB. A dissertação de Francinilda, agora transformada em livro, é um convite para todos que se dedicam ao estudo da cultura. Mais especificamente, é um convite aos interessados na cultura do artesanato, pelos elementos importantes que o livro traz aos desafios do fazer cultura no Brasil. Campina Grande/PB, mesmo sendo um território de reconhecimento nacional pela valorização da cultura regional, como é o caso da festa de São João, ainda carece da institucionalização da cultura do artesanato local. Este livro esclarece de que não é mais possível que os setores público e privado e os próprios artesãos se esquivem de realizar de um trabalho sério e comprometido com a cultura do artesanato, cumprindo a missão de valorização de identidade cultural do lugar, com perspectiva de transformação social. Como aponta a autora, as mobilizações por meio de associações, sindicatos e representações do artesanato em nível estadual e nacional fortalecem os marcos legais por meio das PCs, para a produção, distribuição e venda do artesanato. A circulação do artesanato representa, portanto, um setor econômico estratégico para o território, como promotor do patrimônio cultural, gerador de identidades culturais e valorização de um saber/fazer situado. A questão que se coloca agora não é mais se a cultura do artesanato é importante para o desenvolvimento territorial, mas como vamos impulsioná-la, organizá-la e lhe dar sentido de forma participativa e eficaz. Estas são questões centrais que este livro nos traz e, sem dúvida, é um excelente ponto de partida para se pensar e construir políticas e ações, com a intercessão entre a cultura do artesanato e o desenvolvimento territorial."
Graduada em História pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e Mestrado em Desenvolvimento Regional pelo Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional da UEPB/UFCG. Atuou como Professora Educadora no PROEXT MEC/SESu - UEPB de 2013 a 2014. Atualmente, é docente da ECI Agenor Mendes Pedrosa, desde de 2020, onde leciona as disciplinas de História e Protagonismo Juvenil, e exerce a função de Coordenadora de Área de Ciências Humanas.
É autora de diversos artigos publicados em periódicos, anais de eventos e livro, com destaque para: “Papagaio velho não aprende mais a falar”: A educação humanística numa perspectiva libertadora”; “Museu Vivo do Nordeste: uma riqueza cultural no fundo do quintal”; “Educação, cultura e desenvolvimento local: a contribuição do PROELART para a construção de liberdades”; “Formando pra ensinar ou ensinando pra se formar: a falta de formação para os docentes atuarem na EJA”; “Rompendo (pré) conceitos: uma reflexão sobre a adoção de crianças por casais homossexuais à luz das novas concepções de família".