Este livro é o resultado da pesquisa de mestrado de Thiago Gomes Novaes, desenvolvida no Programa de PósGraduação Gestão e Práticas Educacionais (Progepe), na Universidade Nove de Julho (Uninove), sob a minha orientação acadêmica. O destacado trabalho de Thiago integra um conjunto de outras pesquisas desenvolvidas no âmbito do Programa e do “Grupo de Pesquisa Ilêeducare: educação e questões étnicoraciais”, formado por docentes, alunos(as) e exalunos(as) pesquisadoras(es) desta universidade e de outras, especialmente da região da Grande São Paulo, mas, também, de outros estados brasileiros.
Elemento comum entre esses trabalhos e pesquisadoras(es) é a luta contra o racismo e a construção da cultura antirracista, por meio da pesquisa e da militância política.
Dentre outros destaques desta pesquisa, que ora chega aos leitores na forma deste livro, ressalto a aplicação do conceito de Racismo Estrutural, sistematizado por Sílvio Almeida, em diálogo com algumas categorias paulofreirianas, na análise das práticas pedagógicas de professoras e professores mediadoras(es) de conflitos (PMEC) no ambiente escolar público e em seu entorno. As análises e achados de Thiago nesta pesquisa revelam, ao mesmo tempo, o olhar atento de um pesquisador que, tendo uma histórica pessoal marcada pela opressão racista, descobrese protagonista da luta por justiça étnicoracial, conscientizandose e conscientizando, permanentemente, no movimento da práxis educacional, isto é, da açãoreflexãoação sobre a própria realidade sociocultural.
Considerando que a consciência sobre o racismo estrutural brasileiro, bem como a luta para enfrentálo e superálo, é de responsabilidade de toda a sociedade, recomendo a todas(os) a leitura desta pesquisa que, realizada em um universo particular de três escolas de São Paulo, revela aspectos constitutivos de uma realidade opressora e, contraditoriamente, em luta por libertação, característica presente em todo o Brasil, o país mais afrodescendente do planeta, fora da África.