Acontecerá de muito acontecer
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- Calcular freteDo Romance ¨Acontecerá de Muito Acontecer, de Carlos Nejar: Não há “armazém de escombros”, mas armazém do invisível que se deposita como a areia na margem do rio. E todos os rios têm a mesma margem. Quando a realidade se imagina ou inventa. E é mais realidade ao parecer ser menos. Percebo, aos poucos, ser a Esfinge como o labirinto, o caos antes da criação. E o que Édipo decifra é o mundo, a escrita ou larva dos signos. Tudo, sim, acontece por dentro, querendo ser símbolo, depois explode fora, no vagar, como a mão na semente. Percebi. A morte, se é aquecida, vive. Se esfria, tem mais morte ainda. Como José Ladino, cigano e erudito, entre tachos e volumes, chorava pedra no esquecimento, que a memória em ribeiro de Proust deslizava. Só é palavra o Universo. O que vi acontecer, já persiste acontecendo no futuro. Deus dói e vai voando muito perto. Junto. E o que se encanta não sabe quanto foi encantado, nem o que voa repara quanto voou.
"Carlos Nejar, gaúcho de Porto Alegre, poeta, ficcionista, autor da História da Literatura Brasileira (em 3.ª edição), tem sua poesia em dois volumes, A Idade da Noite e A Idade da Aurora (Ateliê Editorial), com ampliação em 2009, com A Amizade do Mundo e A Jovem Eternidade (Editora Novo Século). Publicou vários romances, entre eles Car- ta aos Loucos; Riopampa (ou o Moinho das Tribulações), Prêmio Machado de Assis de ficção, da Fundação Biblioteca Nacional (2001); A Engenhosa Letícia do Pontal; e O Poço dos Milagres (Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte). Com várias traduções no exterior e es- tudado nas universidades, Nejar é membro da Academia Brasileira de Letras e da Aca- demia Brasileira de Filosofia. Procurador de Justiça do Rio Grande do Sul aposentado, radicou-se na Morada do Vento, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro."