Sobre o Livro
A última praia do Brasil é um NÃO lugar. Isso é raro. Um país tão vasto. Esta narrativa apanha a derradeira parte do nosso pesadelo comum das décadas derradeiras. Quando todos tínhamos a ilusão de que tudo acabaria como nos antigos musicais de Hollywood, com serenatas e violinos afinados. Esta narrativa é contada sem premura, talvez em voz baixa. Conforme o modo gaúcho de contar histórias. Mas, quando o momento pede, surgem os fantasmas. Não quer dizer que esta seja uma história de fantasmas. Há fantasmas, e mais de um, e eles espreitam em silêncio o tempo todo, mas só entram na narrativa quando não há mais possibilidade de outro artificio. É como um final de sonho. No caso, o sonho de Pedro e de Ana. Professores aposentados, com direito a um último sonho. Nada demais. Uma casa na praia. Essa praia, a Barra do Chuí, a última, é a mais longa praia do Brasil. Quilômetros de vento e solidão. Pescadores silenciosos. Tartarugas mortas. Carcaças de barcos. O vento assobiando nas frestas. E solidão amarga. Pedro e Ana se prepararam longamente. Escolheram a casa. Tomaram providências para a pandemia. E da vasta noite do Albardão surgem os fantasmas de toda uma vida. Ali ficam frente a frente. Se observando. Cada um com sua culpa secreta. Este livro é uma façanha literária na sua capacidade de reunir todos nossos medos. No seu empenho em contar com tão pouco nossa variada fauna de horrores, Boca Migotto realiza uma minuciosa, sutil, enigmática jornada. Acompanhá-lo nessa estrada de areia é descobrir muito de cada um de nós. E acertar o passo com um narrador - e cineasta - moderno, dizendo presente no mundo futuro. Tabajara Ruas
Sobre o Autor
Sobre a Editora
Características
I., de Ivanir, Boca Migotto é cineasta, pesquisador, fotógrafo e escritor. Publicitário de formação, cedo se deu conta que estava na área certa – a Comunicação –, mas no curso errado. Largou tudo e foi para Londres. No período em que permaneceu na Inglaterra, frequentou cursos de cinema na Saint Martins College of Arts and Design. Ao regressar ao Brasil, já certo que era com cinema que trabalharia, cursou Especialização em Cinema e Mestrado em Comunicação, ambos pela Unisinos. Nesta mesma instituição, foi professor de Documentário no Curso de Realização Audiovisual, onde permaneceu por dez anos, atuando também em diversas outras disciplinas nos cursos de Jornalismo, Comunicação Digital e Publicidade. Também atuou como professor na Faculdade Cenecista de Bento Goncalves. Boca Migotto concluiu, em 2021, o doutorado em Comunicação pela FABICO/UFRGS, com extensão na Sorbonne/Paris 3. Foi na capital francesa que finalizou seu primeiro romance, Na antessala do fim do mundo. A partir de então, levou a escrita e a História mais a sério. Começou a escrever uma coluna quinzenal para o site Rede Sina e, recentemente, ingressou como bacharel em História na PUCRS. Como diretor, roteirista, editor e produtor, realizou mais de 30 curtas, médias e séries de TV, além dos documentários em longa-metragem Filme sobre um Bom Fim (2015) – um dos títulos mais assistidos do cinema gaúcho. Pra ficar na história (2018), Já vimos esse filme (2017) e O sal e o açúcar (2013) completam sua filmografia de longas-metragens.
A Bestiário surgiu em 2004, em Porto Alegre, a partir de uma revista eletrônica que teve início nas oficinas literárias de Charles Kiefer e de Assis Brasil. A proposta é a edição de obras de ficção, de valor literário e comercial. Em não ficção, livros de filosofia, psicanálise, crítica literária e história. Obras publicadas pela editora receberam diversos prêmios nacionais. Conta com um catálogo ativo de mais de 200 títulos.
Editora : Bestiário; 1ª edição - 2023
Idioma : Português
Capa comum : 204 páginas
ISBN : 9786585039956
Dimensões : 14x21cm