Sobre o Livro
Escrever ficção é um exercício exigente. O escritor não usa a linguagem para despesas ou necessidades do cotidiano, mas visa a algo superior. Valendo-se de recursos incomuns, busca uma transfiguração vocabular, que veicula preocupações existenciais, com um detalhe, sublinhado por Anthony Burgess: o escritor não se atém ao som do dicionário, mas a tudo o que tira das palavras trabalhando ao máximo. Tenta não só cativar, mas suscitar sentimentos e emoções diferenciadas. Assim fez Machado de Assis, servindo-se de um registro minucioso da sociedade para criar um mundo diferente do que ficou nos jornais da época. O mesmo fez Érico Veríssimo quando criou o seu universo imaginativo. Ramon parte de um ser concreto, o poeta Mario Quintana, juntando-lhe outras pessoas, que foram transformadas em personagens. Para isso, confere-lhes um halo imaginativo com todas as cores do arco-íris, o qual repercute as suas próprias vivências e outras não autobiográficas. Se não for lida segundo o critério de Roland Barthes, à sombra do prazer do texto, a novela não poderá ser apreciada em toda a sua extensão. Escrito com fluidez, qualidade atribuída a Machado, e assimilando a influência coloquial de Érico, apta a destilar os mitos do amor e outros temas, o livro foca-os sob a luz de pressupostos filosóficos e psicanalíticos. Numa palavra, é uma ficção inconvencional, que parte de si mesma para sugerir desvios psicológicos, acertos ou desacertos do coração. Ao invés de levar para fora, conduz para dentro, produzindo o sabor que evoca um filme de Fellini ou de Bergman. Da parte do leitor, é preciso aderir às sugestões do autor, que merecem ser pensamenteadas (palavra inventada por Mário de Andrade), uma vez que as soluções estão longe do estilo prêt-à-porter (pronto para vestir), tão comum na atualidade. Armindo Trevisan
Sobre o Autor
Sobre a Editora
Características
Ramon Castro Reis é psicoterapeuta, psicanalista e escritor. "A terceira mulher de Quintana" é sua segunda novela. A primeira foi "O livro que não escrevi", também publicada pela Bestiário/Class.
A Bestiário surgiu em 2004, em Porto Alegre, a partir de uma revista eletrônica que teve início nas oficinas literárias de Charles Kiefer e de Assis Brasil. A proposta é a edição de obras de ficção, de valor literário e comercial. Em não ficção, livros de filosofia, psicanálise, crítica literária e história. Obras publicadas pela editora receberam diversos prêmios nacionais. Conta com um catálogo ativo de mais de 200 títulos.
Editora : Bestiário; 1ª edição - 2023
Idioma : Português
Capa comum : 124 páginas
ISBN : 9786585039918
Dimensões : 14x21cm