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Características
Se me coubesse dizer algo sobre este texto, arrolaria quase fatalmente um glossário de palavras afins – para, ao cabo, afirmar que, como “romance” – é assim que ele se apresenta – é a sua própria negação. Mas como dizer com uma única palavra o que é ele? Romance. É um universo que, não metaforicamente, se pode dizer “cosmos” (com sua harmonia e limpeza), mas nesta forma tem nome O túnel, que poderia também ser A hýbris, “excesso, impetuosidade, insolência, orgulho, fogosidade, desenfreio, desespero” – em que Carlos Nejar, que já experimentou e realizou de tudo na ordem literária, atinge seu clímax, com criatividade, liberdade, revelação, discernimento, passionalidade e estupendo domínio verbal extracanônico mas epifanicamente encantatório. Coisa de poeta que ultrapassou bordas e lindes – mas cuja leitura me parece inarredável a quem saiba e ame ler sem condicionamentos: opus Magnum.
Carlos Nejar, gaúcho de Porto Alegre, poeta, ficcionista, autor da História da Literatura Brasileira (em 3ª edição), tem sua poesia em dois volumes, A Idade da Noite e A Idade da Aurora (Ateliê Editorial), com ampliação em 2009, com A Amizade do Mundo e A Jovem Eternidade (Editora Novo Século). Publicou vários romances, entre eles Carta aos Loucos; Riopampa (ou o Moinho das Tribulações), Prêmio Machado de Assis de ficção, da Fundação Biblioteca Nacional (2001); A Engenhosa Letícia do Pontal; e O Poço dos Milagres (Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte). Com várias traduções no exterior e estudado nas universidades, Nejar é membro Academia Brasileira de Letras e da Academia Brasileira de Filosofia. Procurador de Justiça do Rio Grande do Sul aposentado, radicou-se na Morada do Vento, na Praia do Flamengo, no Rio de Janeiro.
