Serão as rosas vermelhas no escuro?

"Os olhos de Gustavo; estrábicos ? mentira, míopes, astigmáticos, tipo o ciclope mitológico ou o da Marvel. Gustavo vê e não o faz sozinho, a arte brasileira desta década terá óculos da moda, diz. Entrevê, vê como uma espécie de Mano Chao no Fórum Social Mundial em Porto Alegre, sentado no bar do João ? que nem mais existe, charlando. Não se ilude, porém não perde a esperança nas longas linhas do sensível serão as rosas vermelhas no escuro?, que dialoga com um texto do filósofo Ludwig Wittgenstein. Quando falo em longas linhas me refiro a um mundo que se apequena e debate tudo a partir de um prato raso e rápido de fast thinkers de redes sociais ? talvez eu e você também. Será Gustavo o caduco de um mundo poeta? Nos propõe isso a partir da experiência de olhar e nomear o mundo, existir nele, mesmo que seja tatear na escuridão. Somos aqui de Porto sem Alegre, e sem clubismos, colorados. Os mortos não foram esquecidos, ressurgem para anunciar a violência predatória que assola o país, até aqueles que não foram nomeados. Por fim, sugiro ler o livro com uma vitrola ou qualquer dispositivo midiático musical, pois as menções de música do livro não são meras sugestões, são parte essencial da leitura e da costura dos versos. E por fim, por fim ? nunca sei colocar fim na coisas ?, deixo a citação do também filósofo Peter Pál Pelbart sobre a imagem ? ou a fuga dela: ?A linguagem jamais conseguirá dizer o que é a imagem, insiste ele, pois a recobre com suas finalidades, comandos, encadeamentos, sentidos. Por mais que sejamos invadidos de imagens por toda parte, atualmente, trata-se de imagens domesticadas à linguagem, imagens subordinadas à comunicação, imagens tomadas num sistema de troca ou da mercadoria ? imagens-mercadoria, fetichismo da mercadoria!? Ao avesso do niilismo, a poesia revela no limite do que não se vê. Vamos desdomesticar as palavras/imagens. Um convite! Marcelo Martins (poeta e educador)."