As cidades condenadas
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- Calcular freteNesses versos encontramos sintetizados dois dos temas fundamentais e interligados dessa bela coletânea poética bilíngue de José Eduardo Degrazia: a Viagem, exterior e interior, e as Cidades que visitou, dentro e fora do Brasil. A afirmação de que são "cidades condenadas» tem a ver – embora nem sempre – com uma certa visão pessimista do Poeta face ao mundo de hoje, de que conheceu a «Máquina», «os jogos do amor, / as competições políticas», bem como "o dinheiro e o poder», e viu «a miséria no interior do Continente" (Paisagens internas). Uma visão pessimista que é todo um com a «paisagem fraturada», a qual se vai «povoando de figuras e personagens e imagens» (Idem). No entanto, para contrabalançar este sentimento "negativo", que vem do exterior, há tanto a memória, com a sua capacidade de "reconstuir, pedra a pedra» (A cidade antiga), como a reelaboração interior de tudo o que o Poeta «habita das gerações / passadas e das coisas antigas e defuntas» e que ele quer intensamente "trazer de novo à vida / com o sopro da [sua] poesia». (Tudo): "O meu poema caminha a geografia, / mas caminha mais a minha alma, / cada quilômetro é poesia". (Tantas ruas)
Inúmeros são os Países e as cidades, sobretudo europeus, visitados pelo Poeta e relatados na íntegra nos versos da coletânea. Ora apenas mencionados, ora recordados juntamente com alguns dos seus "aspectos", quer geográficos quer históricos, ou porque deram origem a poetas, famosos e menos famosos, que têm com José Eduardo Degrazia significativos e importantes laços, ou de amizade, quando seus contemporâneos, ou porque seus mestres "à distância".
Viajar é uma necessidade e um prazer, ainda mais quando há a certeza do retorno ao lugar de origem. Isto porque: «Não existe lugar melhor no mundo / do que a tua cidade, o teu bairro. / A tua casa, o teu quarto, à tua mesa / navegam todos os rios e os oceanos. // Eu, que amo A VIAGEM e conheço / os quatro cantos do mundo – / me encantam, quando volto à minha cidade, / o meu bairro, a minha casa, o meu quarto, / a minha mesa onde escrevo.» (Amo as ruas do meu bairro)
Essa cidade – como bem sabemos – é Porto Alegre, que José Eduardo Degrazia sempre carrega no coração com profunda saudade por onde a vida o leva: «Fora da viagem a vida não muda de paisagem. // Porto Alegre viaja sempre comigo. Sei que mais distante eu esteja, / mais Porto Alegre se aproxima.» (Viagens)
Brunello Natale De Cusatis