O livro

"Apesar dos meus 32 anos dedicados à literatura e à crítica literária, sempre tenho surpresas. Abri uma rede social somente para tratar de assuntos literários e me propus a remeter convites a escritores, docentes e associações. Lá pelas tantas, contatei Cecília Kemel, perguntei-lhe se escrevia e lhe pedi que me enviasse os seus melhores poemas, alguns deles pelo menos. Rapidamente ela fez isso, e me impressionou pela qualidade. Eram poemas imagéticos e, além disso, mostravam-se de fácil compreensão. Carlos Nejar, por exemplo, é imbatível em termos metafóricos, mas está longe da simplicidade. Mário Quintana unia esses dois quesitos. Por causa dessa exuberância toda, reconfirmada com um poema de Cecília Kemel recém-publicado pela Zero Hora, sugeri a organização de uma antologia, a fim de que o seu talento fosse mostrado à comunidade literária, gigantesca no Estado gaúcho e no Brasil. Cecília Kemel montou uma seleta dos seus versos mais significativos. Ou seja, tinha muita coisa publicada aqui e ali, em jornais, revistas ou coletâneas. Fernando Pessoa também saiu mais na imprensa literária do que em livros. Podem parecer comparações exageradas, mas é necessário ler os versos dessa sul-cachoeirense para se notar que não é tão despropositado assim. O único problema é que vivemos num país de não leitores, motivo pelo qual há tanta gente qualificada, mas esquecida pela dedicação das pessoas. A posteridade vai corrigir alguns desses erros. A poesia de Cecília Kemel explora metáforas por meio de uma linguagem contemporânea correta e viva. Transmite leveza, o que parece representar a forma de ela ser como pessoa. Mario Quintana não disse que os seus poemas eram a melhor biografia que ele poderia escrever? Leiam e notem se não tenho razão."