Estas estórias exprimem o ?outro?, a persona narrativa do homem, máscara que assume a identidade do mundo civilizado. Sondam convenções e normas no fluxo do devir, até se defrontarem com sítios fantásticos. Testemunha-se a dissolução da base patriarcal no âmbito mais profundo de seu alicerce, em que nossa percepção deficiente ? parcial ? da ?realidade? (Das realia) procura preencher esse hiato com imagens intuitivas, manchas que se espalham velozmente, esgueirando-se no corpo repaginado, onde o medo desvela amoralidades, deformidades, abismos; substância sombria que continua a transbordar os limites da consciência. Em ?Argos?, essa turva corrente é um fractal onde olhos saltam das órbitas, apavorados com ?A Sombra? que acompanha o folião. ?Ana Clara? a prediz em sua cega escritura, ?Blecaute na rua do beco?, destilada em álcool e preciosidades no ?Olho da máscara? emprestada ao teatro ?Bunraku?. Ela se mistura ainda mais em ?O Duelo?, que inclui outra metamorfose a seu irrefreável volume, ?O retrato desfigurado? da família austera, ampliado pelo medo de confrontá-lo sem que seu alter-ego torne-se hostil, como acontece numa ?Visita ao Antiquário?. Com sua máscara fúnebre, as águas empoçam na trovejante ?Estória cardíaca?, infiltrando-se nos telhados do casario antigo até alcançarem ?OttO?, uma de suas traves. São afluentes da ?Água negra? e volátil do Rio Negro (Letes), onde o leitor se olvidará sob a mutante tessitura de suas escamas.
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