Foi uma fotografia de Ignácia Carolina, foi o seu olhar que me trouxe até esta pesquisa. Quase duas décadas se passaram desde o dia em que observei seu rosto pela primeira vez e, ainda hoje, imagino que ali, naquela foto, ela estava envolta num devaneio, tentando manter um semblante altivo, talvez adequado para a sua época. Foi mais precisamente em 2002 que fiquei frente a frente com a fotografia, um pouco antes de ter contato com um livro de genealogia escrito por Rubens d'Almada Horta Porto ? no qual vi mencionada a possível filiação de Ignácia Carolina com D. Pedro I ?, fazendo-me associar os dois fatos. A partir de então, algumas perguntas insistiram em retornar: o que ela estava pensando naquele momento, no estúdio? Pensava em seu pai, que nunca a reconheceu? Teria dúvidas quanto a essa filiação? E, principalmente, me ocorria: como ela se sentia em um universo que, na verdade, remetia ao de um conto de fadas às avessas? Quando em seu túmulo encontrei um poema, parecia que as minhas dúvidas não eram descabidas. Um dos versos ? ?buscaste sempre lugar na terra? ? me deu o fôlego de que eu precisava para que, enfim, em 2006, quatro anos depois de me deparar com a foto, eu fosse atrás desse tempo distante, impossível: o passado e seus mortos. Fui à procura do lugar que, desde sempre, Ignácia Carolina buscava.
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